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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Estou cheia de vazios


Ao passear pelos blogs alheios, coisa comum é achar textos falando sobre saudade. Sempre fico pensando que eu acho que não sei o que é saudade, porque nunca tive vontade de escrever sobre isso. É claro que eu já perdi pessoas importantes nessa vida, mas acho que não tenho saudades doídas, dessas que nos fazem querer voltar no tempo. Na verdade, voltar no tempo é uma das coisas que, de fato, não me apetecem. E não é porque eu tenha encontrado uma alegria plena, que me faz sempre mais feliz que o dia anterior (deus me livre disso). Eu não sou de escancarar felicidade, vocês bem sabem disso. Sinto um aperto estranho aqui dentro, e pensei que pudesse ser saudade, porque é uma vontade de você há algum tempo atrás. É uma vontade daqueles olhos tagarelas, daquele desejo que contornava meu corpo, daquela taquicardia que o seu desejo me causava. Mas não é saudade, porque não dói. É uma lembrança docinha, até gostosa. Pensei estar brava com você, por ter mudado tanto. Pensei estar magoada com você, por não saber me manter achando que sou a oitava maravilha do mundo. Mas, não. Acho que hoje o que eu sinto é nada. Não posso confundir as coisas. Percebo agora que há algum tempo, venho tentando definir o indefinível, nomear o inominável, organizar meus sentimentos, etiquetá-los, perfumá-los e fazer deles minhas companhias. É assustador, mas talvez eu esteja avançando nisso. Não tenho vontade de gritar, não tenho vontade de lhe oferecer lágrimas ou sorrisos. Estou vazia. Sei disso porque está cabendo uma quantidade enorme de ar em meus pulmões, e isso não é usual. Pode parecer pra você, que os sentimentos não existem fisicamente, mas ele existe sim. Quem já sentiu dor de amor, bem sabe que a dor é no corpo, tão física quanto dor de dente. Então, agora não dói. E eu, que nem consigo olhar nos seus olhos hoje, te agradeço. Estou cheia de vazios. E os vazios são aquilo que eu tenho de mais legítimo. Não, eu não gosto de estar vazia, eu prefiro escorrer em letras sobre o meu amor, sobre o meu ódio, sobre o brilho dos seus olhos - que são o meu fetiche. Mas é o que temos pra hoje: vazios. E por isso eu te agradeço, porque você me faz mais eu mesma, mesmo quando me machuca.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Escrever é dar vida às coisas mortas dentro de nós



Tem gente que diz que escrever é uma terapia, que a escrita faz bem e tal. Eu acho isso de uma hipocrisia tamanha. Me desculpem se eu ofender alguém, mas é que, pra mim, terapia é tudo aquilo que faz bem e ponto final. E quem escreve com a alma, sabe que escrever custa muito caro. As palavras não são bailarininhas de plástico, que a gente coloca numa caixinha musical, dá corda e as vê dançando. As palavras são perigosas, elas nos fazem refém. Escrever não é matar alguma coisa, deixar algo no passado. Escrever é dar vida às coisas mortas dentro de nós. Sabe criança, quando brinca com espírito e depois fica com medo? Me sinto assim quando escrevo. O sentimento está morto dentro de mim, muito bonitinho e cheirosinho, e então eu vou lá futricar. Espremo, cutuco, faço sangrar. E por mais que eu publique no blog, vocês leiam, comentem e depois eu desligue o computador, aquelas coisa têm vida própria. Quando eu fecho o blog, as letras ficam dançando aqui, secretamente. E o meu estômago se revira, e a minha alma tem espasmos. E olha que a minha escrita é bem pobrezinha. Leio gente por aí que escreve bonito e difícil, mas eu não sei fazer isso. Escrevo do jeito que penso. Louca e simples, assim eu sou, assim as minhas palavras são, e também os meus pensamentos. Vejam só, no post anterior eu disse que a felicidade atrapalha a escrita. Então vim aqui dizer do sofrimento que a escrita causa, e agora minha alma sangra. A felicidade ainda está aqui, mas eu a fiz sangrar. Porque só assim eu posso escrever. Me veio agora a imagem mental de uma criança com catapora. Ela tem várias bolinhas pelo corpo, e não deve coçá-las. Aqui, eu coço com muito gosto. Arranco a casquinha fora, ponho a ferida pra sangrar. É delicioso se coçar, mas sangra. Assim é a escrita, deliciosa e sangrenta. Nada terapêutico.

Eu queria uma poesia pra comer, mas não consegui poesia nem pra escrever


Eu já caí no clichê na postagem de natal, e não queria cair no clichê pra postar sobre o fim do ano, mas aí me lembrei que o blog é meu e eu posto o que eu quiser.
Ah, como sou doce.
Enfim. Tá terminando 2011 e estou muito feliz. Nossa, estou irritantemente chata nesse post, mas é verdade que estou mesmo feliz. Foi um ano em que consegui muitas coisas que eu queria há um bom tempo, e que por algum motivo, não andavam. Nesse ano as coisas andaram. Mas acho que não é das minha realizações que quero falar aqui.
Vocês podem perceber que meus posts têm vida própria. Aqui nesse blog, eu rabisco. Escrevo as coisas conforme elas me vêm na cabeça, então eu nunca sei do que é que eu vou escrever quando começo a digitar. E também não leio os meus textos antes de publicar, porque senão eu acho ruim e apago. Então a minha proposta aqui, na verdade é vomitar. Escrevo de qualquer jeito e sei lá por que raios alguns de vocês gostam, ou ao menos, dizem que gostam.
Esse blog fará 1 ano em janeiro, e eu fico muito feliz que tenha mais de quatrocentos seguidores aqui. Fico muito feliz com os comentários aqui e no twitter. Então acho que hoje eu quero agradecer.
Obrigada, 2011, por ter me deixado conseguir coisas que eu queria. Quero agradecer também a mim mesma por querer as coisas. Vocês sabem, querer coisas é um treco muito complicado. Se esforçar dá trabalho.
Não to gostando nada do que to escrevendo, mesmo sem ler. Acho que eu queria mesmo era uma poesia. Eu queria uma poesia pra comer. Letras que me fizessem cócegas, textos que me transcendessem. Mas o último post foi clichê, esse post foi banal. A felicidade é mesmo uma merda pra escrita.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Natal é um clichê, mas eu também sou


Natal é um grande clichê. Presentes, comércio, árvores de natal, mercados cheios, sorrisos forçados, corações vazios. Sim, o natal pode ser uma época muito triste pra quem já teve muitas perdas nessa vida, e talvez por isso tanta gente odeie o natal. Eu gosto de natal. Não sou religiosa, não é exatamente o nascimento do menino Jesus que eu comemoro, mas gosto de ter as pessoas que eu amo perto. Gosto de comer e beber muito, e gosto até mesmo dessa coisa de presentes. Mas ter você ao meu lado é especialmente delicioso. Logo você, que diz que não gosta de natal, que não liga pro pinheirinho que eu monto com tanto carinho, que mal percebe que há uma guirlanda na porta de casa. Você, que se assusta com o amor que uma família pode dar, e que se sente sufocado várias vezes por dia, com os meus olhares que derramam um amor desesperado por você. Pra mim, Natal é amor. E você bem sabe que eu tenho uma pira com essa coisa de amor. Vivo pra descobrir que coisa é essa, que me faz levantar todos os dias, fazer trocentas coisas e gostar de dormir cansada. Vivo pra me entorpecer disso que me sufoca e me obriga a escrever coisas sem sentido, mas que me proporcionam uma dor gostosa. Vivo pra olhar os seus olhos, e torcer pra eu me enxergar neles. Vivo pra te seduzir, porque estranhamente preciso do seu encanto por mim, pra me encantar por mim mesma. É verdade que às vezes me apaixono por mim mesma e o seu olhar talvez seja reflexo disso. Eu não sei qual é a ordem dos fatores, embora esteja certa de que ela influencia no produto. Mas talvez seja essa a magia do amor, isso de não saber bem como acontece, e também não se importar com isso. Então hoje eu só queria ser bem simples e dizer que eu te amo. Assim, amo sem compromisso com as palavras. Amo sem a obrigação de ser feliz, amo sem saber como, quando, onde. É, eu te amo e isso basta. O amor é um tapa na cara da linguagem. Aniquila com as minhas palavras e me faz calar a boca. Amo e pronto. Natal, amor....tão clichês quanto a piada do pavê. Mas eu montei a árvore de natal, você fez a piada do pavê, nós fizemos comprar no shopping, e eu amo isso, porque é com você. Fodam-se os clichês. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O presente



"Ela pediu de presente de natal uma habilidade masculina. Nada de inveja do pênis ou coisa assim, tudo o que ela queria era diferenciar amor de sexo. Queria variar as relações dentro do seu próprio relacionamento. Vocês sabem que casamento é uma coisa que pode ser muito chata. Transar a vida inteira com uma mesma pessoa não parece nada interessante. Daí as mulheres enfiam o amor na história, a fidelidade, a necessidade de um compromisso...e ok, tudo bem, mas....booooooring!"


Semana especial de Natal no Blog 4 pecados.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

mau meu-humor, meu mau-humor


Acordar de mau-humor é uma coisa inexplicável. Não faz sentido algum. Só acontece que o mundo fica torto, as pessoas ficam burras, e...balela. Acho que não é nada disso. Talvez quando a gente acorde de mau-humor isso nada tenha a ver com o mundo de fora, mas com o mundo de dentro. Sim, eu escrevi sobre isso de alguma forma, no post anterior, que dizia da TPM. É claro que escrevo hoje sem apontar essa sigla como fator desencadeante, porque hoje digo daquele mau-humor que todo mundo tem, simplesmente porque tem. (Tpm não é mau-humor, é uma tristeza que não dói).

Mau-humor é uma braveza com si mesmo, que talvez se reflita no mundo. Sabe quando você faz careta pro espelho, e então ao ver o seu reflexo enxerga uma careta? É isso, o mundo é um espelho, e a gente o vê do jeito que é. Ou, do jeito que está. Faço aqui a diferença do verbo ser/estar não por psicologia barata (ou talvez seja), mas para apontar a efemeridade dos meus sentimentos, sensações e opiniões. Mudo de opinião facilmente. Isso porque acho que no fundo, não tenho opinião formada de coisa nenhuma. Apenas consigo pensar nas possibilidades de todos os ângulos de visão, e as defendo conforme o meu humor. Sim, eu entro em discussões e me exalto como quem agarra uma causa com unhas e dentes, e no instante seguinte já nem acho mais naquilo. Minto, no instante em que digo uma coisa já não mais acredito nela. E assim é também com a escrita. Não pense você que eu acredito em tudo o que eu escrevo aqui.

Meu humor oscila. Um psiquiatra qualquer facilmente diria que tenho algum transtorno do humor, caso eu fosse sincera em responder às perguntas babacas que os médicos nos fazem. Não acredito em mim mesma, não amo e nem odeio completamente nem as pessoas e nem uma causa. Às vezes acho que dou meu sangue pelas coisas que quero, outras vezes acho que aquilo que eu consigo é puro presente do universo, que eu sou uma relaxada. Escrevo um post defendendo a descriminalização do aborto, no entanto nem sei se isso tá certo. Defendo mulheres que mandam nos seus homens, mas levanto pra pegar cerveja pro meu durante o jogo. 

Enfim, nem sei mais porque é que falo disso, se o que eu queria dizer hoje era do meu mau-humor sem motivo. Estou brava hoje. E no fundo talvez eu tenha dito todas essas coisas aqui pra não falar do que me deixa mesmo mau-humorada hoje. E é assim que a gente vive fazendo, fugindo de si mesmo, ainda que já saibamos em que ponto estamos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Sobre a TPM da mulher, e não essa que o imaginário dos homens carrega


imagem daqui


Não sou dona do meu corpo. Isso é uma coisa estranha. Tive educação religiosa e vivi um bom tempo da minha infância e adolescência entre freiras. Não sei se por isso, não sei se é coisa minha, não sei se é chatice minha, mas encasqueto com a ideia de que o meu corpo não é meu. Ele pertencia aos meus pais, quando eu era pequena e mesmo depois de adolescente, quando eu precisava fazer campanha pra que eles me autorizassem a pôr piercing no umbigo. Ele pertencia a Deus quando eu acreditava ser católica. E talvez se eu não gostasse de pensar (ou de pensar que penso) eu acreditasse que hoje, o meu corpo pertence ao homem que eu amo
.
Mas quando eu afirmo, hoje, que o meu corpo não me pertence, refiro-me a alguma outra coisa. É claro que eu sou dona dos meus movimentos corporais. Posso andar, dançar e mexer a barriga de um jeito que a maior parte das pessoas não consegue, porque eu mando nos movimentos do meu corpo. Mas isso não quer dizer que ele me pertence, de fato.

(Se você é homem e tá pensando aqui que eu sou completamente louca e chata, favor parar de ler a postagem aqui, e nem se atreva a comentar dizendo que as coisas são assim mesmo e blablablá autoajuda barata.)

Meus parênteses podem dar margem para as pessoas chatas (tipo eu) dizerem que sou sexista. Mas me refiro aos homens, simplesmente porque vou dizer aqui da influência que os hormônios têm no corpo de uma mulher. Os homens podem achar que essa coisa de TPM é balela, desculpas para as mulheres terem carta verde pra ter chiliques sem se responsabilizar por eles. E muitas vezes isso é verdade. Então, quando digo de TPM, refiro-me não às oscilações de humor ou vontades de comer chocolate, mas falo de como é uma coisa sem explicação, isso de se sentir uma estranha dentro do seu próprio corpo. Não que eu me sinta confortável com o meu corpo nos outros dias, mas isso acontece de um jeito diferente. Normalmente esse desconforto de mim mesma se reflete na roupa que não fica do jeito que eu queria, no espelho que me mostra de um jeito que não é o que eu imagino, na pele que tem uma textura que não corresponde à imagem da gostosona da revista, photoshopada. Na TPM, essas representações caem. Fico triste e não consigo etiquetar um motivo. Me sinto deslocada do meu corpo, e não me parece que o problema seja a roupa. As pessoas dizem coisas que são extremamente desagradáveis, o mundo gira muito devagar, e eu sei que não é o mundo de fora que está estranho, mas o mundo de dentro. 

Sim, eu sei que na TPM o nível de estrógeno e progesterona se elevam, alterando a comunicação com os neurotransmissores e nhenhenhém. Mas eis que saber disso não basta. Ou quando você tem dor, o fato de você saber qual é a causa dela, faz parar de doer? Saber intelectualmente não serve pra nada. Qualquer um que já se apaixonou ou já tentou fazer regime, sabe disso.

Enfim, pra variar estou sendo prolixa. Mas o que eu quero dizer é que eu não mando no meu corpo, embora eu more nele. É como se eu não tivesse casa própria, mas pagasse aluguel. As coisas não são do jeito que eu queria, eu sempre tenho muitas ideias de como poderiam ser melhores, e eu nem tô falando de celulites, estrias, varicoses ou todas essas merdas que a mulher tem muito mais propensão a ter do que o homem. Porque sangrar todo mês não bastaria, né, deus? Tem que nos presentear com um monte de perebas, nos fazer gestar, parir e amar, que é a coisa mais difícil de todas. Daí depois de tudo isso, vocês ainda querem que eu seja cristã?

(Obs: esta última frase é uma IRONIA, o post é sobre TPM e não sobre religião. Assim, só pra deixar claro)            

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vocês tão fazendo isso errado



Então eu vejo essa imagem sendo compartilhada por milhares de pessoas no Facebook e penso: gente, vocês tão fazendo isso errado. É claro, eu sei que é uma brincadeira. Mas já diz o senso-comum que toda brincadeira tem um fundo de verdade. E já disse Freud também, que usamos os chistes como uma forma de lidar com aquela verdade que machuca. (É óbvio que Freud falou isso de um jeito muito mais bonito do que eu, que aqui faço referência a ele usando apenas a minha lembrança da leitura por pura preguiça de ir procurar no texto e fazer citação e pôr nas normas da ABNT, e...ah, o blog é meu eu cito do jeito que eu quiser! Eis outro chiste. Enfim, estou me prolongando, pra variar...) Mas como eu dizia, as pessoas colocam uma vaga à disposição, em busca de um amor. Opa! Essas coisas são contraditórias. Vaga e amor definitivamente não combinam. Quando a gente abre uma vaga, é porque espera alguma coisa. Tem critérios e uma moldura para que alguém se encaixe. Meu bem, se você usar uma moldura dessas e então achar alguém que se encaixe nela, então isso o que você encontrou é qualquer coisa, menos amor. Esse seria o momento em que eu daria mil definições sobre o amor, numa tentativa de ser poética, me deliciando com as palavras e com a definição de amor escapando de mim, mas vou me limitar a dizer que pro amor não tem moldura. Mesmo se você tiver uma moldura, só será amor quando ele não se encaixar nela, mas se encaixar em você. E de nós mesmos, a gente pouco sabe. Aposto que você não sabe se definir em uma palavra, nem em uma frase, nem em mil frases. Somos narcisistas, apaixonados por nós mesmos, mas sequer sabemos o que somos. E aí, pra gente se definir, tem que se cortar em partes. Sou a mulher de fulano, a filha de beltrano, a profissional de tal empresa. Não há como falar de si mesmo dizendo de si mesmo. Só podemos nos descrever em relação a alguém. E é por isso que se você procura um amor, você não o acha. Questão de lógica isso, bem, conhece a lei de Murphy? Você nunca vai achar a caneta que está procurando, você só vai achá-la quando estiver procurando outra coisa. A melhor técnica pra você receber aquela ligação que está esperando, é saindo e esquecendo o celular em casa. Então se você não consegue nem achar o objeto que procura, acha que vai achar um amor? Esqueça. Vai viver a vida e o amor por si mesmo. Não digo daquele amor vestido de “auto-estima” dos quais os livros de auto-ajuda tanto fala (me internem no dia em que eu fizer isso, por favor!) mas digo simplesmente o amor pelo amor. Porque amar alguém é insuficiente. É preciso que amemos também o amor. 

domingo, 4 de dezembro de 2011

Brilhe pra mim, que eu reflito pra você



Durmo nos seus olhos

Respiro nos seus pulmões

Existo no seu olhar

Secreta-mente.

Por favor, não me descubra.

Só quero o brilho dos seus olhos.