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sábado, 28 de maio de 2011

O amor é físico




Putz! Como você me irrita. E irritação eu nem sei o que é. Mas não é uma irritação daquela que eu tenho com a tele-atendente que me faz passear por todos os ramais da empresa dela, por pura incompetência. É uma irritação diferente. Aliás, eu nem sei se é irritação. Porque não é exatamente você que me incomoda, mas é o sentimento que eu tenho por você. Que apesar de lindo, maravilhoso, e blábláblá, às vezes só faz doer. E engana-se todo aquele que pensa que dor de amor é num coração imaginário, ou que é dor psíquica.

Dor de amor é física. Rasga, e não é metáfora. Arde, e não é modo de falar. Tonteia, e não é impressão. O amor é cru. O amor é palavra nua. O amor é sentimento visceral. O amor é a encarnação do não saber de si mesmo.

E aí, quando eu me dou conta de que entrego a você a parte mais obscura de mim, eu me assusto. Assusto-me comigo e com a minha inocente coragem.

Porque se a gente soubesse o que faz com a gente mesmo quando decide amar (eu disse decide?) então a gente não poderia amar. A indiferença é que nos dominaria.

Amar é a coisa mais doida que se posso fazer em vida. E doida, com um acentozinho de nada, vira doída.

Então eu sei um tantinho de mim, e não sei um tantão de mim. Daí, aquele tantinho, eu mantenho comigo, firme entre os dedos polegar e indicativo. Isso, então, me faz pensar que estou no controle dos meus impulsos. Doce engano Porque aquele tantão que eu NÃO sei de mim, eu simplesmente ouso inflar os meus pulmões e assoprá-lo na sua direção. E o faço com tanta firmeza quanto uma criança que assopra vela de bolo de aniversário.

É aí que pedaços de mim voam. Partículas do meu ser espalham-se por esse universo todo cheio de física.

Algumas partes de mim, você consegue pegar, da forma mais bonita e aconchegante possível. Outras partes, igualmente minhas, você nem vê, e eu as perco. Outras partes, ainda, você encontra passado algum tempo, e as toma de um modo rude, assim como bem entende.

E a parte de mim que está comigo, o chamado tantinho, somente pode assistir. Porque presente dado não se pode tomar de volta. Porque aquela purpurina toda no chão, não sabe o caminho de volta pra casa.

E no fim das contas, a minha irritação é toda por me perder em nome de um sentimento que sequer sei nomear. Que eu sequer sei como existe.

Um sentimento que parece nem existir, mas que eu empresto o meu corpo para que ele se materialize. Física pura.

Aliás, o amor é coisa que eu sequer sei em qual parte do meu corpo acontece. Que eu sequer sei se é um sentimento.

Porque às vezes o amor mais parece uma tele-atendente de má-vontade, mesmo. Alguém que quase tira sarro de você, te fazendo mostrar a sua própria falta ardendo em carne viva, pelo puro prazer de oferecer a falta dela também, que não pode te ajudar.

domingo, 22 de maio de 2011

Incômodo existencial





O meu corpo não é um lugar confortável. É preciso que eu me esqueça da existência dele para que eu possa viver. Respiro sem perceber que os meus pulmões convocam o ar para dentro de mim. O meu coração bate sem que eu precise comandá-lo, como se nem meu fosse. Como antes que a fome me avassale, para que não me seja gravemente percebida. Bebo para não lembrar que a minha garganta existe, e que aliada ao meu pescoço, separa a minha cabeça do resto do meu corpo. Tenho necessidades fisiológicas, às quais obedeço rapidamente para não lembrar por um longo tempo o quão escrava do meu corpo eu sou.
É isso. Sou escrava das minhas células. Porque eu não me identifico ao meu corpo, mas à minha alma. Eu sou alma materializada em um punhado de exstência física. E é o meu corpo quem me aniquila.
Saem lágrimas dos meus olhos quando acho irracional chorar. Salivo a boca quando vejo um par de sapatos bonitos. Meus pêlos eriçam-se todos quando vejo declarações de amor que considero ridículas, quando não, mentirosas. Os meus lábios rasgam-se para os lados, soltando gargalhadas, quando acho que estou é nervosa. Pensamentos mal-educados me invadem quando eu imagino que o quero é outra coisa.
Alma e corpo são coisas que se misturam e não se encaixam, são pura falta de equivalência. Se sobra-me o corpo torno-me escrava das necessidades. Se sobra-me a alma torno-me escrava dos meus desejos. Porque desejo é a inscrição de que no corpo, há mais do que matéria física. Necessidade é a inscrição de que a alma está alienada a um corpo.


Já não sei –e nunca soube – se sou corpo ou se sou alma. E não me venha com essa historinha pra boi dormir de que sou as duas coisas. Sei que não sou. Não ao mesmo tempo. Só sei me alternar entre ser uma e ser outra, e não bastasse isso, ainda não sei ser completamente uma coisa ou outra. Não sei me entregar. Porque me entregar seria morrer. Para me manter viva, é preciso que eu seja nem toda isso, nem toda aquilo. Você pode me dizer que o mais ou menos te incomoda, mas eu te digo, meu bem... É o mais ou menos que me faz viver. Eu sou morna, que é para não ser morta. E eu garanto. Ser morna dói. Porque só a morte anestesia.

sábado, 21 de maio de 2011

Duvido, logo existo





A vida é uma breve pausa na eternidade.
Mas como saber se estamos vivos, se a existência é de verdade?
Dúvida – é coisa que nos aquece e nos põe à prova
Duvido, logo existo. Duvidar renova.


Um corpo entre tantos outros. O que é que somos?
Pedaço de vida embalado em pele. É cromossomos.
Às vezes eu queria abandonar o meu corpo, mas isso não é possível.
E se por um instante fosse, o quão seria horrível?


Precisamos de tão pouco para a alegria,
E tantas coisas há de faltarem para a infelicidade...
Vivemos mais de fantasias
Ou da pura realidade?


(A imagem é do filme inspirador desse blog)

domingo, 15 de maio de 2011

Um gole de realidade




Abro mão dos meus sentidos, abro mão da minha lógica – por menor que seja. Arrumo a postura, estico um braço pra cada lado, fecho os olhos e jogo-me no abismo. Corajosamente, sem sequer olhar pra baixo. Não vejo mais. Não ouço mais. Emudeço. As minhas fronteiras somem a ponto de me fazerem pensar que elas nunca existiram. Onde é que acaba o meu corpo e começa o seu?

Tu piscas, e o meu olhar se lubrifica. Tu respiras, e no meu corpo sobra o ar. Tu olhas, e eu vejo. Tu dizes, e a minha boca se move. Tu beijas e eu sinto o gosto. Tu beijas e eu boca. Tu respiras e eu pulmões. Tu...eu...Nós. Aperta. Vira um. Sumi ou eu finalmente existo?

Então, é com a falsa inocência de uma criança, que eu olho para as minhas mãos. Abro-as, fecho-as, descubro que elas são minhas. Ganho mãos. Percebo que são os meus olhos quem as veem, e os de mais ninguém. Ganho um par de olhos funcionais. Dou-me conta de que sou eu quem penso isso, sozinha. Ganho um cérebro. Fecho os olhos e novamente, sei que tenho um corpo, que existem fronteiras, e tomo um bom gole de realidade. Aos poucos, ganho o meu corpo inteiro faltoso, novamente.

Pensava ter caído no abismo. Oras, e como é que vou voltar?. Abro os olhos e me vejo presa à beira do precipício. Descubro que, por mais que me sobre coragem, por mais que eu me afogue no desejo de me jogar – eu não caio. A minha neurose me prende na linha tênue que diferencia o chão do não-chão. Não sou abismo. Eu sou borda.

sábado, 14 de maio de 2011

Um eufemismo para o que sinto




Hoje eu quero uma palavra apertada. Bem apertada. Que me tire todo o ar do peito, e com ele, todas as coisas que sinto. Sim, todas. Até as boas. Estou disposta a abrir mão de tudo nesse momento.

Hoje o meu sentir só sabe doer. E eu quero uma anestesia. Eu, que vivo de palavras e não de remédios, quero uma palavra com efeito medicamentoso – que me anestesie, por favor. Eu não quero pensar. Eu não quero sentir. Minha alma treme de frio.

Sinto o cheiro e a presença da morte aqui. Ofegante. Respirando no meu ouvido, e eriçando os pêlos do meu corpo. Ela está sempre comigo. Isso é o que me garante que estou viva: a possibilidade de ser alcançada pela morte. Eu a tenho sempre perto, sem vê-la, no entanto. Pois hoje eu a enxergo. Não há recalque, repressão, projeção ou qualquer outro mecanismo de defesa capaz de me cegar. Enxergo a coisa crua e doída e é nisso que me transforno.

E digo-lhes: a morte é feminina. Ela sangra. Vejo os seus contornos bem delineados e a sua ausência absoluta de defeitos. A morte é perfeita, apesar de feminina. Ela se mexe constantemente, como uma criança hiperativa com pais distraídos. Ela não pára um instante sequer. A morte é avassaladora, assim como é o amor.

A morte é o amor de um jeito insuportavelmente doído. Ela leva uma pessoa, leva outra pessoa ...ok. Mas é de repente que eu sou tomada por um susto. É de repente que ela passa por mim, e eu sinto o seu vento congelante rasgar a pele da minha alma. É de repente que, ao olhar para o lado, vejo-a se movimentar na direção de alguém que eu amo.

E aí, então, sabe o que é que eu posso fazer? Nada. E fazer nada é a coisa mais doída que há pra ser feita nesse mundo. Todas as células do meu corpo se retorcem de dor. Fazem-me querer avançar os dias, passar o tempo, gastar a vida. Não posso. Isso seria a minha própria morte. Encurralados. Eu e você estamos.


26-04-2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Eu não sou louca. Ao menos, não-toda.



Eu sou tão feliz que não posso...
Eu sou tão infeliz, que não posso...
Não posso. E não poder, tem cheiro e tem gosto de sei-lá-o-que.
E eu nem posso explicar o que é que não posso, tamanha a minha impotência. Ou prepotência.

Pode parecer que eu mergulho inteira em toda e qualquer coisa onde eu meta o bedelho.
Mas isso é mentira, e não é porque eu não queira, mas é porque não posso.
Então eu sou medrosa e coloco só um pezinho... depois outro...desisto...retomo...
insisto.

 
Uma vez eu me joguei. Não sei bem se foi por distração ou por falta de opção. E aí eu fui tão feliz que pensei que morreria ali mesmo, em plena felicidade. Pensei que, de tanta alegria, eu desfragmentar-me-ia...ia...ia...não fui.
Mas não posso me descuidar assim.
Felicidade em demasia é doença grave. É perigosa. Felicidade demais leva à morte. E eu nem sei por que. (Sou ignorante e algumas explicações simplesmente não me interessam.)

 
E daí, no outro oposto, acontece o mesmo.
Tudo o que é demais, me mata. Graças a sei-lá-o-que – talvez a Deus - talvez a mim.
Eu nunca fui tão triste-de-morrer. Ou numa dessas eu fui e me esqueci.
É, é possível.

Uma vez pensei que a vida era um precipício, e que se eu me mantivesse longe do abismo, estaria segura. Ah, doce engano!
A vida é uma corda bamba. Se fico feliz demais, caio pra um lado. Se fico excessivamente triste, caio para o outro. Sem seguranças, sem garantias.

Acho que naquele dia em que eu fui feliz demais, eu morri, sim. Mas algumas mortes são boas. Algumas mortes são necessárias. O que será que morreu em mim naquele dia? Não fui eu, inteira, que morri. Sou não-toda louca e tenho sanidade para pelo menos disso saber. Mas alguém morreu em mim, isso é fato. E numa dessas, eu nem gostava daquele meu pedaço, do qual eu abri mão naquele dia em que eu estive no céu. (é, leitor, eu estava mesmo no céu, não é metáfora – mas poderia) Pensei que eu ia virar pó no universo. Mas eu já tinha sido tão feliz ali, que já não mais me importava se eu seria pessoa ou pó. Vocês já foram felizes assim?

Daquele dia em diante eu decidi que tudo o que viria, me seria plus, extra, lucro. E eu continuo lucrando, já isso aconteceu há uns quatro meses. Bem, mais ou menos a idade desse blog. Esse espaço aqui deve ser o meu lucro,  o meu resto.

No dia seguinte eu já me esquecera que tinha vivido aquele momento de felicidade obscena na minha vida e tornei a ser ranzinza, a reclamar... Porque as vezes é disse que eu vivo.

De reclamar?
Não.
De esquecer.

sábado, 7 de maio de 2011

Amor não é céu, é inferno


Eu te amo e isso não é coisa efêmera.
É verdade que o amor não é palpável. É, eu sei que o amor é uma coisa difícil, ou talvez impossível de se descrever. Li Drummond, dizendo que “o amor foge de todas as explicações possíveis.
É também verdade que te amo com a minha alma, num lugar onde os corpos jamais poderão alcançar. 

Mas o meu amor transcende essa história de almas, e assustadoramente alcança o meu corpo, da forma mais brusca o possível. O amor me assusta. Invade o meu corpo de um jeito infernal, como se a carne fosse puro objeto do amor. Sim, amor não é céu, é inferno.

No céu as coisas devem ser só bonitas, as pessoas bem verdadeiras e as nuvens devem ser possíveis de serem tocadas e comidas. Devem ter gosto de algodão doce. Lá no céu, até o amor deve ser algo que a gente pode ver com os olhos e sentir a textura com as pontas dos dedos. E deve ser macio. Sorrisos sinceros, honestidades leais, promessas cumpridas. Tudo tangível, tudo possível. Sem barcos furados. Tudo quadradinho e bonito.

Pois o meu amor é o inferno. Eu não posso pegar o amor, e eu não posso descrevê-lo. Não posso, ou não consigo...o amor não funciona.
Ainda assim eu escolho amar. Eu escolho o inferno, assim, sem titubear.
O inferno que é querer te ter, e você só saber escapar.
A acidez que é querer que você deixe de existir no seu corpo e passe a compartilhar um só espaço comigo - desejo fadado ao fracasso.
É querer com todas as mitocôndrias das minhas células, sugar a sua alma - mas só poder sentir a tua pele.
É suportar o peso irritante do meu desejo, que insiste com a maior teimosia do mundo - em exigir o impossível.
É ser doce com você, ainda que não colabore comigo, ainda que se recuse a entrar no barco furado e frágil em plena tempestade - que é o meu desejo.
É te agradecer por recusar o meu convite.
Você faz bordas à minha loucura. À loucura do meu amor. Eu só sei enlouquecer, você só sabe me conter.

E o mais bonito é que isso tudo, você faz sem perceber, por amor à mim. Por medo de mim. Porque se o meu desejo é satisfeito, eu te engulo. Se eu te engulo, você deixa de existir. Se você deixa de existir eu deixo de te amar.
É você quem faz com que eu possa continuar te amando amanhã, apesar de hoje. Eu te amo e isso não efêmero. Eu dou corpo ao amor e o eternizo. Mas o amor, por si só, é coisa efêmera. Ou será coisa de fêmea?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Espirrando



Estou sendo perseguida por algumas idéias. É. Elas invadem a minha cabeça da forma mais mal-educada possível, e me pedem, arrogantemente pra fazer texto delas.

Como se eu tivesse obrigação de dar trela pra essas idéias sem sentido!
Como se eu precisasse dar trela pra essas idéias pra eu fazer sentido!

Queria eu poder acolher esses pensamentos solitários e teimosos pelos quais tenho sido acometida durante essa semana. Queria poder amá-los, e com um sopro de ternura, pô-los de mãos dadas, lado a lado, dando-lhes a forma de um parágrafo. Queria eu...

Acontece que tenho estado terrivelmente chata. O mau-humor me domina e me impede de pensar. Não posso respirar por causa de uma gripe, ou rinite, ou sei lá o que é essa coisa que me rouba o ar, e com ele, as palavras. Pois é. Deve ser isso.

Eu respiro linguagem, e não é qualquer uma. É linguagem escrita. Mesmo. Volta e meia me pego pensando em forma de texto. Ou é o pensamento que me pega e me transforma em texto. Inspiro letras, expiro palavras. Sou como um filtro, que tenta separar o joio do trigo, o dizível do não dizível. Porque se não posso ter o impossível, então quero escrevê-lo. Ou, ao menos, pensá-lo.

Pensar é escrever com o corpo da forma mais pura. O papel nos desvirgina, assim como o teclado do computador. E hoje, eu mal posso pensar, quem dirá interagir com os objetos que me permitem ver o que eu penso. E é tão bonito poder enxergar os meus próprios pensamentos...

Maldita gripe. Ainda assim, tento bem dizê-la. E entáo, de uma vez só, não posso: inspirar, expirar, espirrar. Ai, assim, eu só posso pirar.

domingo, 1 de maio de 2011

Autofagia



Reformulando o blog, queria fazer uma “bio”. Ô, tarefinha difícil, Srº Blogspot!

“Quem sou eu?” E eu lá sei quem sou? Se eu soubesse, então provavelmente não precisaria deste blog. É justamente porque não sei quem sou é que preciso escrever. Preciso me inscrever. Sim, eu preciso. Porque preciso ir em busca de mim. E também preciso me perder. Preciso me desfazer de mim e preciso me guardar. Porque eu não me perco de verdade, eu apenas brinco de me perder, que é pelo puro prazer de me reencontrar. Ah, que delícia é me encontrar. Eu penso: “é, isso sou eu”. Aí, pronto, eu escapo de novo. Escapo de mim mesma que é pra não me devorar. Tenho tendências à autofagia. Sou um perigo pra mim.

Vivo de perdas, me alimento de buscas, me assusto com encontros. As letras me ajudam na brincadeira. Porque as palavras podem parecer ser importantes, e de vez em quando me parecem ser tudo. Mas não são.  E isso só não se chama ilusão porque não acredito em mim mesma. Palavras são as minhas roupas. Acentos e pontuações são os meus acessórios. E aí eu brinco de fazer várias combinações. Brinco de ficar mais bonita, me enfeiar, me enfeitar, me fazer. Mas o que importa mesmo é o corpo que as palavras revestem. É de um corpo que a gente não pode dizer com palavras. Mas a brincadeira é tentar. Quem sou eu? Um corpo. Revestido de palavras. E eu adoro trocar de roupa.

É por isso que preciso me concentrar arduamente nos meus desencontros. Alma e corpo não podem se encontrar por um longo tempo, apenas lhe são permitidos encontros efêmeros. Querer e desejar são mais do que verbos - muito mais - e deve haver uma boa distância entre eles. Aquilo que parece ser, não é o que parece. O que eu digo não é o que eu queria dizer. O que eu sinto não é aquilo que eu acho que sinto. O que eu escrevo não é bem aquilo que eu penso. Porque entre uma coisa e outra, há um abismo. E eu, não sou nem uma coisa nem outra, sou o abismo que há entre elas. Me encontrar é me sufocar.