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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O amor me salva, apesar do horror




Rotina é coisa que me prende
Seu amor, é para mim, um escape
Se não é isso, fico doente
Deixando que a vida me mate

E então é o seu amor
Ou o amor do qual eu falo é o meu?
O amor me salva, apesar do horror
De ficar presa para sempre nos olhos teus

O meu horror é o meu desejo
Pois bem que eu queria ficar presa nos teus verdes
No entanto, por isso eu não almejo
És minha libertação, e não minhas paredes.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre-vida



*imagem: deviantart



Vida é o tempo que antecede a morte
Tempo que nos exige distração
Felicidade acontece se você tiver sorte
Ou se tomar uma decisão


 Vida é o relógio tiquetaqueando
Sussurrando que o tempo é breve
Felicidade é o amor chegando
Deixando que o amor te leve



E como é que se sabe que é feliz?
E como é que se sabe que se está vivendo?
A vida acontece por um triz
Na maior parte dela, estamos morrendo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meu amor me angustia




Dizem que o amor é de graça.

Pois que saibam, as pessoas que eu amo, que o meu amor é caríssimo. Talvez não tanto para elas, mas para mim, é.

Porque o amor é apenas um nome que eu dou para uma angústia avassaladora. Sim, amor é angústia.

Como poderia ser leve a sensação de dar um pedaço de si nas mãos do outro, sem a possibilidade de ajudá-lo a cuidar?

Amor é se tornar uma massa de modelar nas mãos de uma criança que ainda não tem a coordenação motora fina desenvolvida. Você pede que ela te modele bem bonita, e ela te modela bem bonita. Mas aí o bem bonita dela, é completamente diferente do que você esperava. Cheio de imperfeições, ângulos mal desenhados, e sobra de você muito menos na tal modelagem, e bem mais em pedaços. Em pedaços pelo tapete, pelas paredes, pelos calçados.

Amor é se tornar, em seguida, a mãe que ajuda a criança a limpar a casa, infestada de pedaços coloridos. Amor é pegar pedaço por pedaço de massinha, e fazer uma bola, que no fim, fica cheia de sujeiras, pêlos do tapete e fios de cabelo. Amor é achar aquela meleca, uma obra-de-arte! Gostar de lembrar de cada pedacinho de história, de cada palavra mal-dita, de cada olhar bem olhado, de cada carinho desajeitado, de cada centímetro de pele conquistado.

Aquele que ama, sabe que há tantos tipos de amor, quanto há pessoas no mundo. A gente usa a mesma palavra pra dizer que aquela pessoa tornou-se incontrolavelmente importante pra gente. Cada uma de um jeito.

Então é assim. Eu amo cada pessoa de um jeito diferente. E são todos amores caríssimos. Porque amo com o corpo, com cad mitocôndria. Porque amo com a alma, com cada parte do espírito. E se não for assim, de que jeito dá pra amar?

Amar me dói. Amar me consome. Amar me dilata. Amar, só não me mata.


(Percebo claramente que escrever sobre o amor é meu tema favorito. E quando leio o que eu escrevi, acho que pareço uma criança de sete anos escrevendo redação pra escola. Acho que é porque todo aquele que ama se coloca numa posição infantil. Não há amor adulto.)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Amanhã é hoje



- Mãe, quando é amanhã?
- Amanhã é depois de hoje.
- Mas amanhã, não vai ser hoje?
- É. Amanhã, quando chegar, vai ser hoje.
- Então, amanhã nunca chega?
- Ai. Pergunta pro seu pai.
- Foi ele que pediu pra eu perguntar pra você.

Desde pequena me lembro de ficar encucada com esta história de amanhã. Amanhã vou ser grande, amanhã vou ser feliz, amanhã vamos pra praia, amanhã vai ter férias, amanhã eu vou ganhar um aquário.
Muitas destas promessas não foram cumpridas, algumas foram...mas o fato é que o tal do “amanhã” nunca chegou pra mim. Estou eu aqui, hoje, tentando não esperar por ele. Tentando me contentar com o hoje, com o presente, que é tudo o que eu tenho.
Confesso que é tarefa difícil. Acreditamos em promessas impossíveis, e depois temos de ficar durante toda a vida elaborando lutos das coisas que acreditamos, um diz, existir. Ou, pior. Ficamos elaborando lutos durante toda a vida das coisas que nunca existiram. Mas por algum motivo, acreditamos que fomos felizes no passado. Acreditamos que vamos ser felizes no futuro. E aí, não ser tão feliz hoje, torna-se menos penoso.
Às vezes acho que felicidade é utopia. Felicidade me remete a um estado constante de satisfação. Isso é quase o tédio. Não sei se sou exatamente feliz, mas gosto de viver. Acho que o luto tem também a sua beleza. As coisas felizes nem sempre são tão bonitas quanto as coisas tristes. As promessas que não podem ser cumpridas, são lindas, quando feitas com boas intenções. Porque é disso que nós nos nutrimos. De coisas que virão a ser. De presente de Papai Noel, passando por cara metade, até o amanhã. No fundo, eu ainda acredito.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Porque a falta me sobra





Um abraço é o melhor remédio. Mas não pode ser qualquer abraço. Tem de ser aquele abraço.
No meu caso, é o seu abraço que me cura, moço.
Porque a falta me sobra. Me excede. E quando estou quase me afogando nela, só o seu abraço me salva. Dá contorno ao meu corpo, lembra-me o que é mundo interior e o que é mundo exterior. Porque as vezes sinto que vou me desintegrar, começo a me misturar ao mundo, e todas as coisas me dóem.
O seu abraço me salva de mim. O seu abraço me salva do mundo. É dentro dos seus braços que sei quem sou. É dentro dos seus braços que eu sou.
És a minha moldura. Sou louca de amores. 

*imagem: deviantart

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amar é um pouco como enlouquecer



Eu sinto a sua falta. 

Eu disse que sinto a sua falta, e não que eu sinto falta de você.

Porque, bem, você está aqui comigo. Quando com presença física, ao meu lado. Quando sem presença física, em mim; no que posso chamar de pensamentos, coração, corpo, alma, pele. Em mim.

Mas a falta que agora sinto, é sua. Ao menos, não parece que é minha.

É. As vezes em me confundo com você. Quero-te tanto... A presença física já não basta. A linguagem da pele, linguagem essa que é da ordem da paixão, torna-se insuficiente. Esforço-me tanto em transcender os corpos, em aproximar a minha alma da sua, que, (in)felizmente , eu consigo. Eu me confundo com você, eu me misturo na sua alma, eu me perco na sua existência. 

Na tentativa de anular a minha falta, tento preenchê-la com sua presença. Frustração. Preenchimento não há. E, de repente, dou-me conta de que, momentaneamente, a minha falta se torna a sua falta. Parece uma troca justa, mas a minha incompletude se duplica em progressão geométrica, mesclado ao seu vazio. 

Não permita que eu enlouqueça.




*imagem: deviantart

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Depressão de segunda-feira




Segundas-feiras são o dia mundial da depressão, ou deveriam ser. Devemos respeitar estes dias.
É por isso que toda segunda-feira útil eu tenho tristeza. Tristeza que me invade, aparentemente sem motivo. Talvez porque sejam recomeços. Porque bem, eu sei que a semana começa, tecnicamente, no domingo. Mas para mim é na segunda.

É dia de luto. Luto é quando algo acaba, então não deveria ser na segunda, tecnicamente.
Mas tecnicamente poucas coisas funcionam. Por isso eu sou feliz na sexta, no sábado, no domingo. Mas na segunda sou triste.

E esta tristeza, me é avassaladora, mas não me consome. Por isso estou eu aqui, bebendo um bom vinho, dividindo uma pizza, na companhia da pessoa que amo.

E, oras, ainda assim estou triste?

Estou enlutada. Porque viver é difícil e custa caro. Mas é tão bom, que dedico um dia semanal ao luto da minha vida.

Porque ser feliz o tempo todo, seria um tédio. Só posso ser feliz um dia, na condição de abandonar a alegria no outro.

Não sou moça comportada, mas sou moça respeitosa. Respeito a vida e é por isso que nas segundas eu sou triste. Segunda, se fosse pra ser bom, chamaria-se primeira. Mas segunda é mesmo "de segunda".

E é uma falta de respeito ser feliz na segunda-feira. Sinto-me ofendida por quem consegue.


- imagem: deviantart

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tentando existir




Seus olhos me são mares e rios
Em um mundo, onde espelhos, não há

Seus olhos me dão calafrios
Mas é onde posso me enxergar

Assim, peço que me olhe, me veja, me enxergue
É o teu olhar que me sustenta, e a minha alma ergue

E se acontece de não me olhar, ou de me olhar e não me ver,
Me perco no mar de seus olhos, me afogo em não saber

Porque tenho notícias de mim por teu reflexo
Preciso existir, não tenho nexo.




*Imagem: Deviantart

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Amor é sempre amor



Sempre ouço de uma amiga que, decepcionada com os homens, diz que seu próximo relacionamento será com uma mulher. Quer uma pessoa que seja carinhosa, compreensiva e companheira. E então, entre chistes, diz que uma mulher pode ser uma boa opção.

Outro dia, escutei uma coisa interessante de outra amiga, que gosta de meninas. Decepcionada com suas namoradas, diz que a solução seria gostar de homens. Acha que mulheres são muito instáveis, e que um homem poderia lhe proporcionar estabilidade.

Isso me fez pensar...

Sempre dizemos da eterna disputa entre homens e mulheres, do quanto é difícil conviver com as diferenças sexuais. Mas não se trata apenas das diferenças sexuais, e sim, das diferenças.

Porque, oras, em geral, nós não sofremos do outro. Sofremos é de nós mesmos. Não é que fulano não me ame, mas é que eu queria que ele me amasse mais. Queria que ele me amasse de outro modo. Queria que ele me amasse eternamente. O amor, pretérito imperfeito, almeja um futuro mais-que-perfeito. O amor quer o impossível. O amor exige o impossivel.

Nossas demandas de amores estão sempre além da capacidade do outro em correspondê-la. Quanto mais tenho amor, mais quero. (Lembra-me a música do Ira!  "Eu quero sempre mais! Eu espero sempre mais! De ti!...")

Amor é sempre amor. Seja homo ou heterossexual, as demandas de amor são insistentemente exigentes. O que amamos é a diferença no outro.

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Gostaria de aproveitar esse post, para contar-lhes que hoje, este blog completa 1 mês de existência. Agradeço a todos os leitores, comentadores e aos meus 106 seguidores!

Carinhos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pilates do amor


O amor. Aqui estou eu, disposta a falar sobre ele, novamente. O amor me faz questão. Como é que posso me doar tanto a um outro, ainda que ele sequer chegue a imaginar o poder que tem sobre mim? Como é que ouso ser feliz, apenas por amar?
É. O amor me deixa muito curiosa. Amar e viver, para mim são quase sinônimos. Amo de muitos jeitos, e sei que você que me lê, também. Porque o amor a que eu me refiro, não é sempre o amor romântico. É simplesmente o amor. Se é que o amor pode ser simples...
É também o amor pela vida. Não fosse ele, eu não estaria aqui, angustiada com todo o esforço que o meu corpo faz para se manter vivo. É sangue pra cá, secreção pra lá, sistema funcionando por aqui, hormônios por ali...  É pensamento aqui, outro pensamento ali, mais uma lembrança passando, e coisa que esqueci lembrando...
Ufa! Mas que trabalho dá viver! Mas que trabalho dá amar!
Eu aprendi que ser preguiçoso é coisa feia. Por isso não me importo de trabalhar tanto para amar. Faço pilates com os pensamentos, step com os sentimentos. E por isso posso andar, porque não tenho preguiça de amar. O amor nos dá movimentos. Não amar nos paralisa. Eu amo, eu ando.
Te parece pouco? Bem, é isso o que me permite ter um sono tranquilo todas as noites...



*imagem: deviantart

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Porque o amor é uma arte



Eu te amo e nem sei por que. Provavelmente, se soubesse, não o amaria. Porque amar, é uma coisa que não pode ser explicada.

Não pode. Diz de uma impossibilidade. É justamente o impossível que nos atrai, seduz e nos faz amar.

Algumas pessoas têm amores platônicos, que são aqueles ditos impossíveis. Parece excitante.

Eu, não. Eu amo você, que está aqui pertinho de mim.
Eu, sim. Porque eu sinto saudade de você mesmo quando você está comigo.

O que faz com que também o meu amor seja platônico, o que faz com que também o meu amor seja impossível.

Porque de 2, quero fazer 1. E não consigo. Somos sempre 2. As vezes, por um centésimo de segundo, somos 1. Mas quando me dou conta disso, já escapaste de mim, já escorreguei de você.

Porque o amor é uma arte. É a arte de suportar 100 desencontros, em nome de 1 quase-encontro. E não desistir. E acreditar que ainda vai ser possível. E se apaixonar pelo caminho trilhado de tal forma....que já não importa mais atingir o objetivo.