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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Felicidade pode doer?

As vezes chego perto de me desintegrar. Emoção exagerada, excesso de alegria, intensidade de dor, às vezes simultaneamente. É quando sinto a morte atrás de mim, assistindo-me, permitindo-me mais alguns espasmos nos pulmões, concedendo-me mais algumas batidas ao meu coração.

Eu posso ser feliz assim? Sim, eu posso. A felicidade me dói. Não tive uma vida muito difícil até aqui, deveria até estar acostumada à felicidade. Mas a alegria é coisa que prezo tanto que não posso usá-la tantas vezes. Sou avarenta. Quero economizar a alegria, porque se a guardo nos bolsos das minhas veias, está sempre comigo. Não acaba. As vezes a guardo tão bem que esqueço que está comigo. Ou, esqueço-a apenas pelo prazer de reencontrá-la.

Hoje eu gastei um monte de alegria. Joguei pro ar, ela caiu sobre mim, e sinto que o meu corpo está a toda, fabricando mais dela. Não sei por que motivo sou avarenta com a minha moeda, a alegria, se em mim tenho um banco dela.

Talvez haja diferentes formas de alegria, e hoje eu achei uma delas, da boa, guardada bem lá no fundo. Talvez a alegria seja um pouco como vinho. Quanto mais velha, melhor.

Não sei desde quando ela estava lá, fiquei realmente surpresa ao reencontrá-la. Ao reencontrar-me. Tenho pedaços de mim que não conheço. Não uso e acho que não existem. Não é porque não me vejo que não estou lá. Ou aqui.

8 comentários:

Anônimo disse...

Amei seu texto
Perfeitamente o q eu tava sentindo!
Bjos
Twitter: @SinthiaMoreira

Anônimo disse...

Sem comentários lindo texto!
Twitter: @fabinhofm1

Anônimo disse...

Uma vez minha analista disse - em outras palavras as quais agora não me recordo - que a alegria e o amor funcionam com uma matemática diferente da convencional: quanto mais os usamos/gastamos/damos/dividmos, mais os temos/produzimos/recebemos...

Anônimo disse...

Lindo texto! Lindo blog! Fico por aqui para acompanhar de perto! E te aguardo!

Lívia Azzi disse...

Sabe Alicia, também tenho dificuldade com essa matemática que foge da convencional como a analista do Paulo explicou...

Seus textos parecem falar de mim.

;-)

Janaina Cruz disse...

Nada disso, não economize felicidade, apenas disfarce dos invejosos... rs

Amei teu blog, sigo o com prazer!

Abraços e ótimo fim de semana

ANGELICA LINS disse...

Bela escrita Alicia, sabendo ser leve sem perder a intensidade.
Fiquei feliz em receber seu convite no twitter e resolvi vir conhecê-la. Grata surpresa! =)

Naiane Julie disse...

"Emoção exagerada, excesso de alegria, intensidade de dor, às vezes simultaneamente."

Toda alegria intensa tem a companhia do medo, intenso tanto quanto.
Mas sempre vale a pena....